Sinais de Demência: o que observar e a quem recorrer

Você já desconfiou que algo não estava bem com alguém da sua família, mas ficou na dúvida se era só “coisa da idade” ou alguma outra razão? Foi assim comigo. No começo, eu mesma não sabia ao certo o que era normal e o que precisava de atenção.

Percebi que os primeiros sinais de demência na minha mãe não foram lapsos de memória, mas mudanças no comportamento. Ela começou a se isolar, ficou mais desconfiada e passou a ter dificuldade em tarefas simples do dia a dia. Só depois vieram os esquecimentos mais evidentes. A verdade é que a demência costuma chegar de mansinho, muitas vezes disfarçada de esquecimento bobo, cansaço ou até estresse. Por isso, saber o que observar faz toda a diferença.

Sinais comuns que merecem atenção

Os sinais de demência podem variar bastante de pessoa para pessoa, mas alguns sinais costumam aparecer com frequência:

  • Esquecimentos que fogem do comum, como repetir a mesma pergunta várias vezes ou esquecer informações importantes recentes.
  • Mudanças de humor e comportamento, como irritabilidade, desconfiança ou apatia. Foi este sinal que primeiro se manifestou em minha mãe.
  • Dificuldade para realizar tarefas do dia a dia, mesmo as mais simples, como preparar um café, assistir um programa, ou tomar os remédios na hora certa.
  • Problemas com a linguagem, como esquecer palavras comuns ou trocar nomes com frequência.
  • Desorientação no tempo e no espaço, como se perder em lugares conhecidos ou confundir datas.
  • Isolamento social, perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas.

Esses sinais podem surgir de forma leve no começo, mas tendem a se intensificar com o tempo.

Nem todo esquecimento é demência

É importante lembrar que esquecimentos leves fazem parte do envelhecimento natural. Além disso, também podem surgir por causas reversíveis, como estresse, insônia, depressão, carência de vitamina B12 ou uso de medicamentos.

Por isso, antes de tirar conclusões, é essencial observar o contexto e os demais comportamentos da pessoa.

A quem recorrer?

Se esses sinais estão se tornando frequentes ou estão comprometendo a autonomia da pessoa, é hora de buscar ajuda profissional. O ideal é procurar:

  • Geriatra – especialista em saúde do idoso, com visão ampla sobre o processo de envelhecimento.
  • Neurologista – pode investigar as causas neurológicas e fazer testes mais específicos.
  • Psiquiatra – pode auxiliar quando há alterações importantes de comportamento ou humor.

Além disso, psicólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e outros profissionais podem atuar juntos para oferecer um cuidado integral.

Muitas vezes, convidar um familiar para visitar um psiquiatra ou neurologista pode ser chocante. Até porque a pessoa com demência geralmente não percebe os próprios sintomas. Aqui em casa, contamos com a ajuda da ginecologista que sempre acompanhou minha mãe, falamos com ela sobre os sinais que identificamos e, numa consulta de rotina, ela sugeriu à minha mãe o encaminhamento a uma geriatra. Isso ajudou muito a resolver a resistência inicial.

Diagnóstico precoce é cuidado

Receber o diagnóstico pode ser difícil, mas também é um alívio. É o primeiro passo para entender o que está acontecendo e oferecer o melhor cuidado possível — tanto para quem está esquecendo, quanto para quem cuida.

Se você está nesse processo, não se sinta só. Aqui no Na Memória, a gente caminha junto com você.

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