Esquecimento em idosos é sempre Alzheimer? Saiba quando se preocupar

Outro dia, lembrei de como começaram os primeiros sinais da demência da minha mãe: o que chamou nossa atenção não foi tanto o esquecimento — mas, antes disso, as mudanças repentinas de humor. Notamos que ela ficou mais desconfiada, mais na defensiva, e aos poucos foi se afastando das pessoas. Começou a ter dificuldade em realizar tarefas e interações sociais simples da rotina diária. O esquecimento veio depois.

Isso me marcou porque, até então, eu achava que todo problema de memória em idosos era sinal de Alzheimer. Mas aprendemos que não é bem assim.

Esquecer faz parte da vida (e do envelhecimento)

Quem nunca entrou num cômodo e esqueceu o que foi fazer ali? Ou trocou o nome de alguém por outro, mesmo que seja bem próximo? Minha avó, por exemplo, para chamar um dos seus sete filhos, chamava primeiro o nome dos outros seis.

O esquecimento em idosos, quando em episódios leves, têm a ver especialmente com o avanço da idade e são comuns, nem sempre indicam algo grave. Assim, episódios de esquecimento quase sempre têm causas que são reversíveis com o cuidado adequado, como por exemplo:

• Estresse ou sobrecarga emocional
• Depressão
• Privação de sono
• Desidratação
• Carência de vitaminas, como a B12
• Problemas hormonais ou uso de certos medicamentos

Quando o esquecimento pode ser um alerta?

O Alzheimer — assim como outras demências — geralmente não começa só com falhas na memória. É comum que apareçam também:

• Mudanças de comportamento e personalidade
• Isolamento ou desinteresse por atividades que antes eram prazerosas
• Irritação sem motivo claro
• Dificuldade para encontrar palavras ou se comunicar
• Desorientação em lugares conhecidos
• Troca na ordem de tarefas simples do dia a dia

Se esses sinais começarem a aparecer juntos ou se tornarem frequentes, vale procurar avaliação médica. O ideal é procurar um geriatra ou neurologista, que poderá orientar a investigação com exames e testes cognitivos.

Informação é cuidado

Quanto antes um diagnóstico for feito, maiores as chances de oferecer qualidade de vida à pessoa e à família. Mas antes de entrar em pânico, é bom lembrar: nem todo esquecimento em idosos é Alzheimer.

É normal se preocupar, mas também é importante se informar com calma, observar o dia a dia e buscar ajuda profissional, se for o caso.

Assim, se notar que uma pessoa está mais esquecida, observe também o comportamento, o humor, o sono e a alimentação. Esses pequenos sinais ajudam a entender o todo.