O Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva. Ou seja: ela evolui com o tempo — e, por isso, compreender as fases da doença pode ajudar muito no cuidado e na preparação emocional de toda a família.
Até hoje é comum encontrarmos a divisão das fases do Alzheimer em três grandes momentos: os sintomas leves, a fase moderada e a fase grave. No entanto, podemos buscar olhar para a doença em nuances mais específicas. Por isso, a seguir, vamos conhecer as 7 fases do Alzheimer, segundo a escala Global Deterioration Scale (GDS), proposta pelo Dr. Barry Reisberg. Essa escala é amplamente usada por profissionais de saúde para mapear o avanço da doença e orientar os cuidadores.
Fase 1 — Ausência de Declínio Cognitivo
Nesta etapa, a pessoa ainda não apresenta nenhum sintoma evidente de Alzheimer e os exames neurológicos também não detectam alterações. Assim, é muito difícil que a família e as pessoas que convivem com o paciente consigam observar sinais claros de uma demência.
Por isso, é muito importante saber: mesmo sem sintomas, quem tem histórico familiar pode começar a adotar hábitos preventivos — alimentação saudável, atividade física, estímulo cognitivo, controle das taxas como colesterol e triglicerídeos, acompanhamento médico em dia, etc.
Fase 2 — Esquecimentos Leves
A pessoa começa a esquecer palavras, nomes ou objetos. Esses lapsos são parecidos com o que chamamos de “esquecimentos comuns da idade”. Essa fase pode durar anos e nem sempre é percebida como sinal da doença. Porém, é o início da deterioração cognitiva de fato.
Fase 3 — Déficit Cognitivo Leve
Agora, os esquecimentos começam a afetar a rotina: perda de objetos importantes, dificuldade para planejar tarefas ou lembrar compromissos. Ou seja, tarefas que antes eram normais e corriqueiras, agora parecem desafiadoras e a pessoa começa a experimentar frustração e ansiedade.
Sinais que merecem avaliação médica:
- Repetir histórias com frequência (foi o que notamos com minha tia mais velha, que parecia ter uma fixação com histórias da infância como se apenas elas fossem relevantes).
- Dificuldade com palavras e organização (já este foi o sintoma da minha mãe).
- Ansiedade social
Fase 4 — Alzheimer Moderado (Início da Demência)
Nesta fase, o diagnóstico geralmente é confirmado porque é quando os sintomas ficam mais evidentes até para pessoas que convivem pouco com a pessoa. Vemos aqui que a pessoa com Alzheimer começa de demonstrar maior dificuldade em lidar com finanças, datas e eventos recentes. Por isso, neste momento é importante criar uma rotina estável e segura, seja por meio de calendários visuais ou acompanhamento mais próximo, sempre evitando mudanças bruscas no ambiente.
Fase 5 — Declínio Moderado a Grave
A pessoa começa a precisar de ajuda para tarefas básicas, como escolher roupas ou lembrar o endereço da própria casa. Talvez esta seja uma das fases do Alzheimer mais dolorosa para os acompanhantes e familiares, porque é quando começamos de forma mais direta a lidar com as limitações da pessoa acometida pela demência.
São sintomas comuns:
- Desorientação
- Confusão com o tempo e local
- Dificuldade para reconhecer pessoas conhecidas
- Vestir-se adequadamente
- Comer adequadamente
Fase 6 — Declínio Grave
Agora, o paciente necessita de ajuda constante. Pode esquecer o nome de pessoas próximas e apresentar mudanças no comportamento, como agitação ou agressividade. Nessa fase, o cuidador precisa estar atento também à sua saúde mental. Porque o desgaste emocional aumenta e a rotina se torna muito mais exigente.
Já falamos sobre a saúde mental do cuidador no post Precisa de apoio? É importante olhar também para a saúde mental.
Fase 7 — Estágio Final
É a fase mais avançada. A pessoa perde a capacidade de se comunicar, de andar ou controlar funções básicas, como mastigar e engolir. Agora, os cuidados com profissionais são ainda mais importantes e o cuidador precisa estar preparado tanto de forma educacional como também emocional.
É aqui que falamos que os cuidados paliativos e dignidade tornam-se essenciais. O foco é proporcionar conforto, afeto e um ambiente de paz e conversas difíceis precisam acontecer entre os familiares e os médicos.
Entender é Cuidar Melhor
Conhecer as fases do Alzheimer ajuda a reduzir a ansiedade, planejar o cuidado e reconhecer que cada etapa exige um olhar diferente. No entanto é importante lembrar que cada pessoa vive a progressão de forma única, por isso preparar-se emocional e estruturalmente pode fazer toda a diferença — tanto para o paciente quanto para os cuidadores.